vômito de idéias

Não se sabe, até então, porque ele quis que fosse do jeito que foi. Mas a poesia em si disse que nada poderia mudar, pois o que havia sido feito, havia sido feito. E assim, um ponto, selava os assuntos que ainda escapavam por entre os vãos das portas da casa vazia, sem vida. Não que alí não morasse ninguém, mas ninguém cujo coração tivesse tanto desejo de viver que ainda pulsasse com vida digna. Teríamos os dias pela frente e os dias que ficaram pra trás, mas de forma alguma tomaríamos como lições os dias presentes, que eram os mesmos, aqueles que ninguém entende, mas os únicos que são reais, pois o que passou, passa, e o que vem, não se conhece.

Temos nos olhos a certeza de que mentir é uma opção de vida. De que sentir é obrigação ilusória de poder e querer estar vivo. Nada disso importa quando tem-se a sua e a minha. Mas temos algo, ainda. Vamos esperar pela espera. A tristeza é passagem e alegria terreno firme que esconde da procura. Vamos nos dizer que estamos por isso, pois mexer é o que traz de tudo um pouco, inclusive dor. Pura. É assim que vai para dentro. E sai suja, muito suja. As idéias que passam por aqui não saem mais como antes estavam a sair, pois ficam presas às ilusões, presas as crendices de que estamos no meio da mudança. Estamos cantando aleluia. Estamos ainda esperando pelo melhor, porque não sabemos se fazer serve, ou se adianta ter o que se quer. A vida é a indecisão de raça, sexo, cor. A vida é ser, e apenas ser. Porque as escolhas estão acima e abaixo. As que estão ao alcance, raramente podem ou querem mudar.

Minha cruz está morta, enterrada. Meses de vento vêm. Mas acho que não poderia viver a minha vida sem as coisas que a tornaram no que ela é.