8.08.2007

das histórias que contei pra mim - parte 1

Vamos conversar comigo mesmo? Quem sabe o que eu devo dizer? Não se pode pensar duas vezes antes de fazer o que se tem medo, porque o que se faz por impulso é original, não tem pecado nenhum, ou tem. O que eu penso de mim mesmo pode não importar, mas a verdade é que importa, sim. Eu às vezes acho que não sei quem sou, não me sinto como um todo nem fazendo parte de algo. Sou apenas um pedaço de alguma coisa que quis acontecer, mas não deu certo. Sinto. Sinto muito. Sinto demais e às vezes, ou muitas vezes, isso acabada me matando pelos pés. Começa por baixo e logo come meu pescoço, me deixo todo sem eu por dentro, sem mim, sem ser o que eu quero ser, ou o que eu deveria ser. Se for que deveria ser alguma coisa.
Não sinto que posso, mas sei que não sou o que posso, nem quero ser o que não sou. Sou confuso e estou te confundindo, apenas pra me confundir ainda mais no final, que já não é final porque está no meio, teve início. Sim, não estou completamente são nem em poder de todas minhas faculdades mentais, por isso escrevo, escrevo porque foi o que me restou do mundo, não me basta ser o que eu sou, essa metade de algo, portando invento calafrios, invento sentimentos pra poder viver sentindo e fazendo de conta que vivo.
Preciso me condicionar a ser o que sou sem me sentir tão nada. Porque sei que sou. Sou algo, embora não seja completo, sou algo que existe, caso contrário não seria eu e não estaria a escrever que não sei quem sou.
Eu não posso brilhar, nem mentir para os outros sobre o que quero. Minha cara nunca convence e eu estou, sim, em crise existencial. Talvez seja por isso que não sei quem sou. Porque quero a todo o tempo ser tão intenso no que sinto, faço-ou-digo? Posso ser apenas meio termo, assim como sou. Talvez essa coisa seja necessidade de ser completo, então sou intenso pra me completar num todo. Coisa estranha essa coisa de viver, ao certo nem sei se vivo. Talvez eu esteja morto, e os mortos, vivos. Os mortos vivos e cheios de vida, talvez isso seja a morte, doída, seca, descolorada. Deixa-me escrever descolorida? Descolorida, pronto, escrevi. Algumas coisas que quero, eu faço. Preciso fazer só para me sentir um pouco pela metade bem do nada me faz mal. Não sei, não sei de tudo o que escrevo, às vezes o que escrevo é maior que eu, ao menos parece ser.

[continua em algum momento da minha existência...]