4.23.2011

a falta de moral se mostra na competição disfarçada de qualquer coisa

O tabuleiro que se esconde no escuro. Os jogos estão sempre 'on'. Os jogos estão atrelado as vontades que lhe fazem agir. A vontade de ganhar. A vontade de competir. A competição imune de moral. O sentimento nú é bonito. O sentimento honesto é o que nos trás a alegria. Eu estava em um ponto de ônibus esperando pela sinceridade. Ela havia marcado horário em uma imensa fonte de oportunidade que existia a sua frente. E você a negou como quem não aceita um gesto de bondade. Você negou a existência do que é puro. Você desistiu de sentir o que realmente lhe valia por vaidade. Por medo do que pensariam de você. Você a negou por culpa do sentimento mesquinho que você decidiu dar mais importância do que as coisas que realmente deveriam ser importantes. Eu não estou mais negando o que eu sinto e estou vendo o que há e o que poderia haver. Estou enxergando tudo com tanta clareza.

Eu estou sem medo de sentir e agora posso ver que existe uma ilusão. Talvez eu esteja me permitindo sofrer porque esse é o único formato de fim que eu aceito como real.

ficar junto por medo da solidão é a pior forma de egoísmo que existe

4.09.2011

escuro

Eu estive por muito tempo pensando nos amigos que ficaram pra trás. Quem eram os amigos. Os verdadeiros amigos. Sempre esperaram por mim. Eu ainda sinto o mesmo pelas pessoas que ficaram no meio da minha estrada. Eu pedia a mim mesmo que esperasse por mim. E o tempo passou enquando eu contava apenas dias. E nossos dias foram para sempre em forma de vários anos. Encontrava na esquina uma vida tola, um ser descontente com quem era. Com quem esperava que eu fosse. Eu desligava os sentimentos esperando encontrar simpatia em vidas similares, que não sabiam se aquietar no meio das horas pra viver o que há de ser vivido pra poder-se chamar de vida. Achávamos que a loucura era a resposta a angústia extrema que sentíamos por estar ali. Mas os anos chegaram e nos empurraram para um mundo que não nos esperáva. Alguns poucos conseguiram agarrar ao que ficava pra trás. Nenhum conseguiu lembrar das amizades. Todos trocaram as vontades e desejos pelos sentimentos tolos e promessas vazias de que você esqueceria quem se é por um dia.

E então dormiamos. E acordávamos. E pensávamos no que faríamos porque tínhamos todo o tempo do mundo. E tudo passava. E o círculo que fazia de nós o que éramos nos contava que era aquilo que tínhamos a fazer. Se você fugisse do que sentia por um dia, conseguia ver o círculo. E conseguia voltar, por mais estúpida que essa decisão pudesse ser. Ela nos arrancava o peito. Nos fazia de gente a nada. A bonecos que assistiam o amanhecer da mesma cor. Se houvesse tempestade, podíamos nos esconder embaixo de marquises. Acender um cigarro e continuar sendo aquilo, aquela distância de tudo. E os medos continuavam sendo nossos próprios. E o tempo continuava a nos agradar por vontade de ver o que se passava por sua única veia. A que dizia que envelhecíamos conforme esperávamos. Esperávamos poder ter algo a fazer depois do que fazíamos naquele momento. Éramos. Éramos tão jovens enquanto esperávamos pelo próximo entertenimento. Pela próxima corrida. O próximo sentimento artificial que pagávamos com o dinheiro que nao tínhamos. Era seu. Era meu. Era o que deveria ter sido nosso futuro.